O Segredo De Magda

Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br

Desde que nasceu, Magda sofria de dermatite de contato, que causava ressecamento e descamação da sua pele. A epiderme se soltava sem qualquer lesão ou trauma.  Havia sempre muito sangue em suas vestes e por onde ia soltava pedaços de pele, além do incômodo de se coçar muito.

Se seus ancestrais não tinham genes defeituosos, por que Magda havia contraído essa doença?

Voltemos um pouco no tempo.

Entre 1933 e 1945, Magda era a esposa do comandante de um campo de concentração nazista. Por desvio de dinheiro e roubo de bens dos prisioneiros, ela e o marido foram acusados e condenados. Na prisão, depois de sofrer transtornos psicológicos atribuídos às assombrações de prisioneiros que matara e torturara, Magda suicidou-se.

Sua maior decepção foi constatar que não havia morrido. Na espiritualidade, foi violentamente envolvida por centenas de almas infelizes, ansiosas por vingança. No auge de seus sofrimentos, provocados por mordidas e rasgos, de repente um milagre aconteceu. Um espírito rodeado de luz assim se expressou:

— Afastem-se de minha pobre filha, pois a partir de agora eu cuidarei dela.

Sem nada entender, reconheceu a doce voz de sua mãe Mayla, que a conduziu, carinhosamente. A emissária partiu, volitando, em direção a instituição socorrista, levando consigo aquele valioso corpo espiritual.

Graças aos altos créditos de Mayla, intercedidos em favor da filha, Magda adentrou em departamento de reencarnação, onde tomou consciência dos momentos em que arrancava as peles tatuadas dos prisioneiros, por sua obcecação em transformar partes de corpos humanos em objetos decorativos.

Compreendendo agora o quanto fora cruel e insensível, Magda rogou à Mayla o renascimento, a fim de filtrar as marcas perispirituais que havia adquirido e reparar os males cometidos.

E a misericórdia divina atendeu suas rogativas.

Por que estamos tratando as agruras de Magda no tempo pretérito? Porque na nova vida ela encarou com resignação sua doença e portou-se de forma exemplar, procurando auxiliar pessoas à sua volta, principalmente crianças carentes.

Em suas reflexões, Magda não sabia o porquê de seus sofrimentos, mas tinha consciência de que os merecia. Esse comportamento sereno deu forças à sua mãe espiritual Mayla para novamente interceder pela filha.

Em certa ocasião Magda foi conduzida a um médium de cura. Diante da possibilidade de minorar seus sofrimentos, Magda orou com fervor, buscando mais uma vez a ajuda de sua mãe espiritual.

O missionário se viu cercado de luzes que abrangeram todos os pontos enfermos da moça. Em breves dias o prodígio estava realizado. Agradecida, ajoelhou-se diante da compaixão divina e, ali mesmo, renovou seus votos de transformação, decidida a aproveitar a preciosa oportunidade concedida pela misericórdia espiritual.

O segredo de Magda havia se perdido na noite dos tempos e permanecera entre ela e servidores do Criador. A bruxa do campo de concentração nazista dera lugar a uma criatura renovada, disposta a defender e proteger sofredores e desvalidos. Prevalecera o amor, em lugar da dor.

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Fiquemos com Emmanuel:

Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados. A Providência, todavia, corrige, amando…. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.