Origem das Doenças: prova ou expiação?

Tornou-se quase um dogma a Lei de Causa e Efeito nos meios espíritas. Isso decorre da falta de estudo e da prioridade que o movimento espírita decidiu dar ao aspecto religioso da Doutrina, em prejuízo inegável aos seus aspectos científico e filosófico.

E é, justamente, a filosofia e a ciência espíritas que esclarecem o grande equívoco que se comete ao analisar-se certas situações vividas nesse planeta.

Para muitos, tudo na vida se resume aos seus efeitos. O “nada acontece sem a vontade de Deus” está nas bocas e ouvidos de todos nós, espíritas, como se todas as ocorrências tivessem origem espiritual.

Isso é um erro.

É o fatalismo da fé não racionada.

O atavismo religioso ainda orienta nossa crença num Deus punitivo e controlador. A influência do meio e as religiões a que pertencemos no passado, dessa e de outras vidas, ainda predominam na nossa maneira de ver o mundo e interpretar as Leis naturais.

Comumente substituímos, em nossas falas e conceitos, a palavra pecado por erro, punição de Deus por Lei de Causa e Efeito, por exemplo.

Para exemplificar, hoje falaremos sobre a doença. Vejamos o seguinte trecho:

“As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos …….

Temos, assim, de nos resignar às consequências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais.”(1)

Isto posto, podemos concluir:

1) as doenças são provas do nosso planeta pelas suas condições intrínsecas: trata-se de um mundo muito material onde toda matéria se deteriora;

2) todos morrerão com doenças porque os órgãos vão falir um dia pelo desgaste;

3) a doença somente é expiação em casos mais específicos, pontuais (ocorrência realizada com exatidão, no tempo planejado espiritualmente, mas que sempre pode ser alterado pela nossa conduta). Na maioria das vezes trata-se de provação.

Fernando Rossit

Fonte:

1) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, item V-Preces para os Doentes e Obsedados)