Proselitismo – Devemos Salvar O Próximo?

Sidney Fernandes

Proselitismo, em sua origem grega, designava a adesão de pagãos ao judaísmo. A conversão para a crença em Deus foi assumida pela cristandade com base na expressão registrada pelo evangelista Mateus:

— Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

No entanto, em determinado momento da história, o homem passou a acentuar suas marcas ideológicas e a distanciar-se dos que não pensavam como ele. Não importava a convicção. Católicos, protestantes, islâmicos e um sem número de adeptos de centenas de credos passaram a não se tolerar, dando surgimento aos mais tristes eventos, que marcaram a Idade Média como período obscuro e violento, notadamente, durante o período inquisitorial.

Coletividades humanas levaram a níveis extremos e inadmissíveis a recomendação do ide e pregai. Encasquetaram que somente sua religião era a certa e partiram em busca da homogeneização global. Nada do que fizeram em nome da religião se aproximava ou tinha a ver com o amor cristão.

Recentemente, durante a celebração do Grande Jubileu de 2000, o Papa João Paulo II apelou para o arrependimento de maus exemplos do passado, pedindo perdão pelos pecados cometidos, a serviço da verdade, contra os judeus e contra os direitos humanos em geral, dentre outros.

Jovens religiosos evangélicos do Movimento Gospel procuram atrair adeptos através da atuação da música religiosa, refazendo identidades religiosas e espalhando a mensagem cristã em cultos embalados por bandas e grupos de dança dos espaços eclesiásticos.

Como vemos, a antiga agressividade foi substituída pelo sincero desejo do religioso em oferecer ao próximo o bem que a religião lhe proporcionou. Uma posição classificada hoje não mais pelo proselitismo negativo, mas pela evangelização cristã, com respeito às crenças alheias.

Nesse mesmo sentido, o Espiritismo orienta que nenhuma consciência deve ser violentada ou forçada para deixar sua crença. Se no passado o céu era tomado com violência, nos tempos atuais o é pela brandura.

O Espiritismo não se considera dono da verdade, nem se apresenta como único meio de salvação do homem. Entende que todas as criaturas estão a caminho da evolução, desenvolvendo suas potencialidades internas, e que deverão ser salvas por elas mesmas.