Quem Semeia Ventos…

Sidney Fernandes

Em meados do século vinte, num dia quente de verão um homem chamado Starbuck chegou a uma fazenda de gado do Texas. A seca devastadora estava deteriorando as lavouras e as criações de gado. O forasteiro prometeu trazer chuva para salvar a agricultura e os animais, mediante o pagamento de cem dólares. Os desesperados fazendeiros aceitaram imediatamente a proposta.

Starbuck usou sua parafernália de objetos e máquinas esquisitas, acompanhada de estranhos rituais. E a chuva veio, com abundância, salvando a região de um desastre maior. Qual era o segredo? O homem era um feiticeiro, com poderes extraordinários ou um farsante?

Muito tempo mais tarde descobriu-se que o esperto senhor nada mais era do que um leitor bem informado que acompanhava as previsões do tempo. Quando havia algum presságio de chuva para alguma região seca, ele juntava seus apetrechos e ia fazer a encenação que rendia o dinheiro que lhe era entregue de bom grado.

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Richard Simonetti narra triste caso de homem que assaltou e matou um taxista, na calada da noite. O pobre motorista, ao ser atingido por vários tiros no peito, à queima-roupa, morreu sufocado, pulmões em brasa, golfadas de sangue pela boca, abafando angustiantes gemidos de dor!…

Em sua carteira, o assassino encontrou irrisória quantia, a féria de um dia. A vida de um chefe de família sacrificada por míseros vinténs. O assaltante deixou o carro e desapareceu na noite. As investigações policiais resultaram infrutíferas.

Depois de alguns anos dedicados ao crime, o criminoso contraiu tosse persistente. Submetendo-se a alguns exames, descobriu que tinha câncer no pulmão, que se desenvolveu rapidamente.

Após meses de intenso sofrimento, morreu sufocado, pulmões em brasa, golfadas de sangue pela boca, abafando angustiantes gemidos de dor!…

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Guardadas as devidas proporções quanto à gravidade dos dois delitos, podemos afirmar que, infelizmente, a Terra está repleta de vigaristas e assassinos que agridem, lesam e ludibriam outras pessoas, com o objetivo de obter para si algum tipo de vantagem. Se a justiça humana muitas vezes é impotente para puni-los, a Justiça Divina é infalível, dando a cada um segundo as suas obras.

Nossas ações são como o bumerangue, objeto de arremesso usado por aborígenes australianos, que retorna ao lançador o mais rápido possível. Elas voltarão, obrigatoriamente, com o bem ou o mal que arremetermos, na proporção exata dos benefícios ou prejuízos causados ao semelhante.