Trinta e três perguntas dirigidas à consciência dos espíritas:

-Quantos espíritas são fiéis a umas ideias em vez de ser docilmente leais a umas siglas?

-Quantos espíritas admiram alguém que não pense como eles?

-Quantos espíritas se permitem ter dúvidas sobre algumas de suas crenças, sustentadas nos ensinamentos de autores encarnados ou desencarnados?

-Quantos espíritas se atrevem a questionar ideias expostas por seus autores fundamentais?

-Quantos espíritas assumem que no Espiritismo não se trata de crer mas de saber?

-Quantos espíritas sucumbem à adoração reverente dos médiuns e dos espíritos?

-Quantos espíritas examinam com senso crítico as comunicações mediúnicas?

-Quantos espíritas adotam em sua vida a prática quotidiana da leitura e do estudo de textos espíritas e de outras orientações filosóficas?

-Quantos espíritas são capazes de superar as interpretações literais?

-Quantos espíritas estão dispostos a mudar algumas de suas opiniões?

-Quantos espíritas leem ou escutam outros espíritas que pensam diferente?

-Quantos espíritas antepõem os ideais e a ambição pelos cargos nas instituições espíritas?

-Quantos espíritas exigem mais de si mesmos do que dos demais?

-Quantos espíritas acorrem a um debate sem haver decidido previamente quem é seu favorito?

-Quantos espíritas estão dispostos a aprender com aqueles que expressam ideias divergentes das suas?

-Quantos espíritas compreendem que o amor, entendido e praticado, é o fundamento da vida e da evolução?

-Quantos espíritas permitiram-se amar alguém com uma ideologia diferente?

-Quantos espíritas consideram que não são necessariamente melhores que seu vizinho?

-Quantos espíritas sabem perdoar?

-Quantos espíritas preocupam-se com as questões sociais e entendem a necessidade de analisá-las e de se pronunciar sobre elas?

-Quantos espíritas tomam consciência das injustiças sociais, a fome e a miséria que maltrata milhões de seres humanos e não buscam justificá-las como “dívidas” e “expiações” de vidas anteriores?

-Quantos espíritas oferecem o concurso de sua participação ativa para corrigir os males que afetam a humanidade e atrasam seu processo evolutivo?

-Quantos espíritas estão completamente à margem de teorias ou práticas discriminatórias, homofóbicas, racistas e xenofóbicas?

-Quantos espíritas denunciam o horror e o sofrimento provocado por regimes teocráticos, fundamentalistas e fanáticos?

-Quantos espíritas creem realmente na igualdade entre todos os seres humanos?

-Quantos espíritas assumem a vigência da liberdade individual, social e política, como requisito indispensável para o progresso material e espiritual?

-Quantos espíritas respaldam a liberdade e a democracia para todas as nações, sustentadas no pluralismo político, separação de poderes, liberdade de expressão e de reunião, e eleições limpas para a escolha dos governantes?

-Quantos espíritas denunciam os regimes tirânicos ou autoritários, com independência do viés ideolótico ou político que os identifica?

-Quantos espíritas estão dispostos a censurar a corrupção, no âmbito público ou privado, sem matizes, atenuantes nem exceção?

-Quantos espíritas estão dispostos a defender o império das leis no quadro do estado de direito, ainda quando podem se ver afetados seus interesses particulares?

-Quantos espíritas promovem a paz no mundo sobre a base da coexistência respeitosa entre as nações e rechaçam as guerras e o uso da força das armas para conquistar territórios?

-Quantos espíritas compreendem que não há um “além” feliz para os desencarnados se não se constrói um “aqui” justo, equilibrado, harmônico e fraterno?

-A quantos espíritas, finalmente, importa o espiritismo?

 

JON AIZPÚRUA

Ex-presidente da CEPA – Associação Espírita Internacional (1993/2000) e atual Assessor de Relações Internacionais