Falsos testemunhos, furtos, adultérios, blasfêmias…
- Doutrina Espirita
- 18/08/2025
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– Orson Peter Carrara
Não se assuste o leitor. Na frase que usamos como título ainda podem ser acrescentados os maus pensamentos, as maledicências e mesmo os homicídios e a luxúria. Essas palavras e desejos que se transformam em ações concretas, infelicitando a relação humana, tão presentes entre nós, partem do coração. Sim, os sentimentos alimentados constroem tudo isso.
As palavras não são minhas. Foram anotadas por Mateus, em seu capítulo XV, versículos 1 a 20. Especialmente com a clareza dos versículos 18 e 19:
¹? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem.
¹? Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
Jesus conhece nossa precariedade moral e suas afirmações apenas refletem a realidade do que ainda somos contaminados pelas mazelas morais que ainda alimentamos nos sentimentos.
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 8 – Bem-aventurados aqueles que tem puro o coração, no subtítulo Verdadeira Pureza. Mãos não lavadas, itens 8 a 10, transcreve a anotação de Mateus e a comenta com toda sua lucidez.
Dada a grandeza da abordagem, recomendamo-la ao estudo do leitor. E no texto em referência, há uma afirmação que merece nossa atenta reflexão. Afirma o Codificador:
“(…) o homem não chega a Deus senão quando está perfeito (…)”. Considerem os leitores o alcance dessa afirmação. No texto, compreendemos, conforme afirmação do próprio Jesus de que “(…) não é o que entra na boca que enlameia o homem, mas o que sai da boca do homem (…)”, que o grande detalhe está na crença de que práticas exteriores resolvem nosso desafio de melhorar. Não! Essa melhora moral será resultante do esforço individual, continuado, sem aparências ou disfarces. Sinais exteriores, sejam quais forem, são nulos nesse processo, se não anular o acervo de iniciativas comprometedoras da dignidade e da retidão moral, ainda presentes entre nós. Calúnias, espoliações, entre outros como os acima citados, que fazem mal ao próximo, não condizem com o bem geral trazido pelo Evangelho de Jesus. O uso de aparências só produz fanáticos, supersticiosos e hipócritas, não resultando no homem de bem.
Concluo com a frase do próprio Kardec, muito própria para o tema em questão: “Não basta, pois, ter as aparências da pureza, é preciso antes de tudo, ter a pureza de coração”. Essa pureza não usa malícia, nem mentiras, nem manipulações. Só deseja o bem, espontaneamente. Convenhamos que ainda estamos por conquistar essa virtude.
São as riquezas dessa incomparável obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.