O Espiritismo acredita, piamente, na Bíblia?

(A partir de hoje, todas as segundas-feiras e sextas-feiras, postaremos, aqui, resposta a uma pergunta que nos tenha sido feita em nossas redes sociais. Estamos estreando, hoje, primeira sexta-feira de março de 2022, dia 4)

“O Espiritismo Acredita, Piamente, na Bíblia ?”

O Espiritismo segue, sim, a Bíblia, “piamente”, piedosamente, com sinceridade, na sua essência moral divina, que é o que verdadeiramente interessa, mas não “piamente”, como a pergunta sugere, com grande convicção, com total certeza, como verdade absoluta; plenamente.

A Bíblia é um conjunto de livros (ou rolos), cujo objetivo é registrar revelações divinas para a humanidade na Terra, que cumprem um amplo planejamento evolutivo.

O conjunto de livros chamado de Antigo Testamento registra as revelações mosaicas e dos profetas, escritas há, aproximadamente, 4 mil anos antes de Jesus. Muitos registros são tradições orais e mitos. O conjunto conhecido como Novo Testamento registra as revelações de Jesus e de sua época. Quem fez a seleção dos livros para compor a Bíblia, foram religiosidades humanas, de acordo com seus interesses. Existem muitos outros livros que registram o “sagrado”, mas que foram descartados na seleção para compor a Bíblia. Os livros selecionados são chamados canônicos. Os livros descartados são chamados apócrifos.

Os livros foram escritos, originalmente, em línguas que há muito desapareceram junto com suas culturas. Como traduzi-los com segurança? E, ainda, foram realizadas sucessivas traduções até nossos dias.

Convém destacar que Moisés era, também, um grande legislador civil humano. E muitas das suas leis civis, temporais e localizadas, estão registradas como leis divinas, atemporais e universais, e não são. Nem todos os livros do Novo testamento foram escritos por quem viveu com Jesus. Alguns foram escritos anos depois do seu desencarne por pessoas que nunca o conheceram.

Como pode perceber, então, os textos que chegam até nossos dias receberam as mais diferentes interferências, não só religiosas, mas inclusive políticas. A própria ciência humana já demonstrou que muitos registros bíblicos não são reais, históricos, mas simbólicos, figurativos, como o livro Gênesis, por exemplo. Por isso, precisamos ler a Bíblia com a parcimônia necessária, trazendo os relatos para a razão e para o conhecimento adquirido pela humanidade.

No entanto, a essência espiritual das Leis de Deus está toda registrada ali nestes livros. É o grande, melhor e mais completo manual de conduta moral, num belo registro literário em diferentes estilos. Moisés apresentou estes princípios das Leis de Deus e, depois, Jesus veio cumprir e reafirmar essas leis, explicitando-as e completando-as. O Espiritismo, como terceira grande revelação moral para a humanidade, também não vem destruir as Leis Divinas já reveladas antes, mas vem interpretá-las e ampliá-las ainda mais, acompanhando o estágio de desenvolvimento moral e intelectual do homem de nossos dias.

Sintam-se, ternamente, abraçados.

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