Revendo A História Do Espiritismo

Sidney Fernandes

PARTE 12

Léon Denis

No início desta série de textos afirmamos ser difícil a tarefa de enumerar todos os médiuns que se destacaram na história da humanidade. A abordagem de Léon Denis torna essa tarefa impossível, porquanto o mestre francês tem uma visão muito ampla da sensibilidade mediúnica, considerando-a presente em todas as épocas, ora de forma velada e obscurecida, ora fulgurando com intenso brilho.

Deus envia seu pensamento ao mundo por intermédio de emissários, que vão levar aos homens a comunicação divina, promovendo a educação dos mundos inferiores. Assim é que a mediunidade, de forma ostensiva ou intuitiva, vem e continuará abastecendo as mentes humanas, na sequência da implantação do progresso em nosso orbe. Citemos alguns dos célebres personagens, considerados por Denis como intermediários dos espíritos.

Victor Hugo acreditava na comunhão com os mortos. São suas estas célebres palavras: Os mortos são os invisíveis, mas não são os ausentes. Em todas as suas obras há invocações, ora às vozes da sombra, ora às vozes do abismo ou mesmo às vozes do espaço. Não quer dizer que Hugo fosse médium, no sentido estrito da palavra, mas sim que o além projetava sobre ele radiações que fecundavam o seu gênio.

Balzac tinha fascinação pelos poderes sobrenaturais, o ocultismo e a transmissão do pensamento. No romance Úrsula Mirouët, atribui poderes reais à personagem da trama, assim como a vidência, e apresenta várias referências documentais, explicações e testemunhos referindo-se ao vidente Alexis Didier e às teorias de Franz Anton Mesmer. Em Séraphita, Louis Lambert e La Peau de Chagrin, tocou em todos os problemas da vida invisível, do ocultismo e do magnetismo, pois todas essas questões lhe eram familiares. Segundo Denis, Balzac era um vidente na mais elevada acepção da palavra.

Eu corria às vezes à minha escrivaninha sem me preocupar de endireitar uma folha de papel que estivesse de través e escrevia minha peça em versos, de começo ao fim, naquela posição, sem mexer-me. Estas são palavras de Goethe em quem, segundo Denis, a comunicação com os espíritos se revelava com luminosa clareza. Fausto seria uma obra mediúnica e simbólica de primeira ordem.

-CONTINUA NA PARTE 13-