Uma noite inesquecível

Em uma noite, há cerca de dois mil anos, que três dos evangelistas anotariam para a posteridade imortalizando-a na mensagem da Boa Nova, o Senhor Jesus, acompanhado de três de Seus discípulos, Pedro, Tiago e João, sobem ao monte Tabor.

Pedro, por conta de sua voluntariedade, simbolicamente seria chamado por Jesus de pedra, sobre onde se edificaria o Seu Reino, e João o evangelista o identificaria como sendo o discípulo que Jesus amava, em referência ao entendimento e proximidade que este apóstolo tinha da mensagem de Jesus.

Uma vez assentados no alto do monte, eis que o Senhor faz resplandecer Sua condição espiritual, transfigurando-se em luz diante dos apóstolos, e lembremo-nos, o Senhor disse que nós, espíritos, somos luzes, e que deveríamos fazê-la brilhar. Ato contínuo, os discípulos reconhecem, em um lance de vidência espiritual, Moisés e Elias, também resplandecentes em luz, a conversar com o Mestre dos Mestres.

Terminada a conversação, eis que os personagens espirituais desaparecem, e uma grande nuvem os envolve e de dentro dela uma voz imponente se faz ouvir:

“Este é o meu filho amado, em quem me comprazo, ouvi-o.”

Era “os Céus”, através do fenômeno de voz direta, identificando Jesus como o Senhor e Mestre a ser ouvido.

Observemos que Elias havia sido identificado por Jesus na personalidade de João Batista, em nova reencarnação, e que esse Espírito era o maior de todos, até então, entre os nascidos na Terra, e que Moisés, libertador dos hebreus da casa da servidão, o Egito, foi o primeiro mensageiro das revelações espirituais, portanto ambos Espíritos de escol.

Nas entrelinhas do texto evangélico há algo mais a ser apreciado; é a comunicação com os chamados mortos. O Senhor, nessa oportunidade, nos apresenta a possibilidade de interagir com os espíritos sublimados, e o inverso também encontramos nas páginas dos evangelhos, quando Jesus dialoga com espíritos considerados inferiores, pelo resultado de suas ações, em momentos em que o Senhor possibilita a libertação de encarnados das cadeias das obsessões espirituais.

Há, então, uma diversidade moral entre os espíritos, o que seria referenciado pelo evangelho de João, ao nos orientar na identificação dos espíritos que são de Deus, não acreditando em todos eles sem análise racional de suas propostas, evidentemente pela diversidade de suas condições morais, muitas vezes distanciadas da mensagem de amor e luz exarada dos evangelhos.

Disse Jesus que nos ensinava a partir das coisas que aprendi junto de meu Pai, por isso mesmo Sua mensagem se assenta em cima das Leis Naturais, ou Divinas, e Seu ensino e exemplo, por sua vez, atestam Sua grandeza espiritual, ao mesmo tempo, que O estabelece como aquele a quem deveríamos dar ouvidos, conforme ratifica a voz saída das nuvens.

Modernamente a Doutrina Espírita reaviva essa orientação, indicando-nos Jesus como Guia e Modelo para a humanidade, ao mesmo tempo em que nos esclarece sobre todas as coisas relacionadas ao espírito humano, incluindo as coisas que o Senhor Jesus nos disse verbalmente, e sobre aquilo que está nas entrelinhas dos ensinos e das descrições de Suas experiências entre nós, como na passagem acima que deu aso a esse ensaio.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Uma noite inesquecível

Nota do editor:
Imagem em destaque e disponível em <http://www.afterlife.co.nz/2010/theology/resurrection/the-mount-of-transfiguration/>. Acesso em: 24MAI2016.

Originally posted 2016-05-25 20:05:59.